segunda-feira, 21 de julho de 2008

Alfama

Tipologia: Bairro

Localização: Alfama, Lisboa

Descrição:
Alfama é um bairro histórico de Lisboa que actualmente abrange as freguesias de São Miguel e Santo Estevão.
A sua existência remonta ao tempo dos mouros e o seu topónimo está associado às fontes termais de água quente – Alhama- que nessa zona abundavam.
Essas águas com temperaturas que nalguns casos se situam acima dos 20°C, e que chegaram mesmo a ser classificadas, em finais do século XIX, como águas minero-medicinais, foram exploradas pelo menos desde o século XVII como banhos públicos ou alcaçarias, que se mantiveram em actividade até às primeiras décadas do século XX.
Ainda durante o domínio muçulmano, poder-se-ia falar de uma Alfama do Alto, mais aristocrática, situada dentro da Cerca Moura, na parte oriental da actual freguesia da Sé, que comunicaria pela Porta de Alfama ou de São Pedro (na actual rua de São João da Praça) com uma Alfama do Mar, arrabalde popular.
Com o domínio cristão a designação Alfama foi-se alargando mais para leste, dentro dos limites da Cerca Nova ou Cerca Fernandina.
Este bairro foi outrora o mais agradável da cidade. As origens do declínio surgiram na Idade Média, quando os residentes ricos se mudaram para o oeste, deixando o bairro para uma população de pescadores e marinheiros.
Os prédios resistiram ao terramoto de 1755. Apesar de já não existirem casas mouriscas, o bairro conserva um pouco do ambiente, do casbá com as suas ruelas, escadarias e roupa a secar nas janelas.

Bibliografia:
ARAÚJO, Norberto de. "Peregrinações em Lisboa", livro X. Colecção Conhecer Lisboa, Vega, 2.ª edição, 1993
SANTANA, Francisco. "Dicionário da História de Lisboa". Lisboa, 1994
RAMALHO, Elsa Cristina et al. "As Águas de Alfama - memórias do passado da cidade de Lisboa"

Netgrafia :
http://alfamadowntown.blogspot.com/
http://alfama.wikidot.com/
http://alfama.wordpress.com/
http://amar-alfama.blogspot.com/
http://www.app-alfama.org/

Transportes: Eléctrico 28, 12 Autocarros: 759, 794, 745

Comentário a Alfama

Alfama é um bairro bastante caricato, a sensação que me causa, é a de estar numa aldeia no meio de Lisboa. É fabuloso passear pelas suas ruelas e escadinhas, há sempre uma dimensão de descoberta causada pelos recantos e mais recantos. É conhecida pelos seus restaurantes e bares que se multiplicam pelas esquinas, onde podemos ouvir fado e apreciar petiscos.
Na noite de Santo António, dia 12 de Junho, há festa rija, e estas ruelas são invadidas por mares de gente que dão cor e movimento às suas ruas.
Alfama é lindíssima, pitoresca e bem portuguesa e proporciona-nos imagens lindas ao virar de cada esquina!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Torre de Belém (Lisboa)

Classificação: Monumento Nacional

Tipologia: Arquitectura Militar

Localização: Santa Maria de Belém, Lisboa

Período: Moderno

Descrição:
A Torre de Belém é um dos monumentos mais expressivos da cidade de Lisboa. Localiza-se na margem direita do rio Tejo, onde existiu outrora a praia de Belém. Inicialmente cercada pelas águas em todo o seu perímetro, progressivamente foi envolvida pela praia, até se incorporar hoje à terra firme.
Originalmente sob a invocação de S. Vicente de Saragoça, padroeiro da cidade de Lisboa, designada no século XVI pelo nome de Baluarte de São Vicente a par de Belém e por Baluarte do Restelo, esta fortificação integrava o plano defensivo da barra do rio Tejo projectado à época de D. João II (1481-95), integrado na margem direita do rio pelo Baluarte de Cascais e, na esquerda, pelo Baluarte da Caparica.
A estrutura foi iniciada em 1514, já durante o reinado de D. Manuel I, tendo Francisco de Arruda como arquitecto, e destinava-se a substituir a antiga nau artilhada, ancorada naquele trecho, de onde partiam as frotas para as Índias. As suas obras ficaram a cargo de Diogo Boitaca, que, à época, também dirigia as já adiantadas obras do vizinho Mosteiro dos Jerónimos. A estrutura ficou concluída em 1520.
Com a evolução dos meios de ataque e defesa, a estrutura foi, gradualmente, perdendo a sua função defensiva original, e adquirindo novas funções, como registo aduaneiro, posto de sinalização telegráfico, e farol. Os seus paióis foram utilizados como masmorras para presos políticos durante o reinado de D. Filipe I.
Sofreu várias reformas ao longo dos séculos, principalmente a do século XVIII que privilegiou as ameias, o varadim do baluarte, o nicho da Virgem voltado para o rio e o claustrim. O monumento reflecte influências islâmicas e orientais, que caracterizam o estilo manuelino e marca o fim da tradição medieval das torres de menagem, ensaiando um dos primeiros baluartes para artilharia no país.
A sua estrutura compõe-se de dois elementos principais: a torre e o baluarte. Nos ângulos do terraço da torre e do baluarte, sobressaem guaritas cilíndricas coroadas por cúpulas de gomos, ricamente decoradas em cantaria de pedra. A torre quadrangular, de tradição medieval, eleva-se em cinco andares acima do baluarte, a saber: primeiro andar, Sala do Governador; segundo andar, Sala dos Reis, com tecto elíptico e fogão ornamentado com meias-esferas; terceiro andar, Sala de Audiências; quarto andar, Capela; quinto andar,Terraço da torre.
Foi considerada Património Mundial para toda a humanidade pela Unesco, em 1993, e em 7 de Julho de 2007 foi eleita como uma das Sete Maravilhas de Portugal.

Bibliografia:
- ALMEIDA, Isabel Cruz, “Breve Historial da Torre de Belém”, 2000, Torre de Belém, Intervenção de Conservação exterior.
- HAUPT, Albrecht, “A Arquitectura do Renascimento em Portugal”, 1986, Lisboa
- NÉU, João B. M., “Em Volta da Torre de Belém: evolução da zona ocidental de Lisboa: defesa marítima e sanitária do porto de Lisboa”, 1994, Livros Horizonte
- RESENDE, Garcia, “Crónica de D. João II”, 1545
- TAVARES, Adérito / CALDEIRA, Arlindo M., “Lisboa e a expansão marítima: séc. XV-XVI”, 1990, Ministério da Educação

Netgrafia:
www.lxjovem.pt/
www.ippar.pt/

Horário:
Outubro a Abril – 10h às 17h
Maio a Setembro – 10h às 18h
Encerrado às segundas, 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro

Morada:
Avenida Brasília
1400-038 Lisboa

Transportes:
Autocarros 27, 28, 29, 43, 49, 51; Eléctrico 15

Preços: bilhete normal – 3€
Maiores de 65/entre 15 e 25 – 1,5€
Cartão Jovem – 1,2€
Menores de 15/Domingos e Feriados até às 14h – gratuito

Contactos:
Telefone – 213620034
Fax – 213639145

Comentário à Torre de Belém

A Torre de Belém é um dos mais importantes e carismáticos monumentos portugueses. A sua imagem é utilizada em todo o tipo de objectos, desde postais, sacos, imans, peças de vestuário, entre muitos outros, e é reconhecível em todo o mundo como um símbolo do nosso país.
Grande parte da sua beleza reside na decoração exterior, com cordas e nós esculpidos em pedra, galerias abertas, torres de vigia em estilo mourisco e ameias em forma de escudos, decoradas com esferas armilares, a cruz da Ordem de Cristo e inúmeros elementos naturalistas alusivos às navegações. Um dos motivos naturalistas mais interessantes é um rinoceronte esculpido, o primeiro representado em pedra na Europa, que celebra a vinda do 1º rinoceronte para a Europa, durante o reinado de D. Manuel I.
A sua localização, entrando pelo rio adentro, faz deste monumento uma espécie de plataforma cultural entre o velho e o novo mundo, transportando-nos instantaneamente através dos séculos, até uma das mais importantes épocas da História Portuguesa.

Mosteiro dos Jerónimos (Lisboa)

Classificação: Monumento Nacional

Tipologia: Mosteiro

Localização: Praça do Império, Santa Maria de Belém, Lisboa

Período: Moderno

Descrição:
Mosteiro fundado com o apoio do rei D. Manuel em 1501, que nele pretendia reunir em panteão a sua família (D. Manuel I e os seus descendentes foram sepultados em túmulos de mármore colocados na capela-mor da Igreja e capelas laterais do transepto). A sua construção demorou bastante tempo, passando por diferentes estilos artísticos, e foi financiada em grande parte pelos lucros do comércio de especiarias vindas do Oriente. É composto por: uma igreja (planta longitudinal, em cruz latina, com três naves cobertas por abóbada única, rebaixada), um claustro (dois andares abobadados), livraria, refeitório, sala do capítulo e sacristia.
O edifício exibe uma extensa fachada de mais de trezentos metros, obedecendo a um princípio de horizontalidade que lhe confere uma fisionomia calma e repousante. Foi construído em calcário de lioz, que provinha de locais muito próximos do local de implantação. Entre os mestres que trabalharam na sua construção, destacam-se Diogo de Boitaca, João de Castilho, Diogo de Torralva e Jerónimo de Ruão.
O Mosteiro foi entregue à Ordem de S. Jerónimo, nele estabelecida até 1834(após a extinção das ordens religiosas, o Mosteiro tornou-se a igreja paroquial da freguesia de Santa Maria de Belém). Sobreviveu ao sismo de 1755 mas foi danificado pelas tropas invasoras francesas enviadas por Napoleão Bonaparte no início do século XIX.
O Mosteiro dos Jerónimos é habitualmente apontado como a "jóia" da arquitectura manuelina, mas também integra elementos arquitectónicos do gótico final e do renascimento; os elementos decorativos são repletos de símbolos da arte da navegação e de esculturas de plantas e animais exóticos.
Actualmente, estão sepultados no Mosteiro alguns dos maiores nomes da História de Portugal, como é o caso de Vasco da Gama, Luís de Camões, Alexandre Herculano e Fernando Pessoa, para além dos de D. Manuel I e a sua mulher D. Maria, D. João III e sua mulher D. Catarina, D. Sebastião e D. Henrique.
O complexo do Mosteiro integra ainda o Museu Nacional de Arqueologia e o Museu da Marinha.
O monumento é considerado património mundial pela UNESCO, e em 7 de Julho de 2007 foi eleito como uma das sete maravilhas de Portugal.

Intervenções Arqueológicas / Trabalhos:
Foram efectuadas escavações, em 2001, a cargo da arqueóloga Maria Moreira Baptista de Magalhães Ramalho, que permitiram fazer o levantamento de estruturas outrora existentes no jardim do claustro.

Bibliografia:
- ALVES, José da Felicidade, “O Mosteiro dos Jerónimos”, 3 volumes, Lisboa, Livros Horizonte
- MOREIRA, Rafael, "Jerónimos: Monumentos de Portugal", 1987, Lisboa, Verbo
- SANTOS, Reynaldo dos, “O Mosteiro de Belém: Jerónimos”, 1930, Porto, Marques Abreu

Netgrafia:
www.mosteirojeronimos.pt/
www.ipa.min-cultura.pt/
www.ippar.pt/

Horário:
Outubro a Abril das 10H00 às 17H00; Maio a Setembro das 10H00 às 18H00; última entrada 30 minutos antes do fecho.
Encerra à Segunda-feira e também nos feriados nacionais de: 1 de Janeiro; Domingo de Páscoa; 1 de Maio e 25 de Dezembro

Morada: Mosteiro dos Jerónimos
Praça do Império
1400-206 Lisboa

Transportes:
Autocarros 727, 728, 729, 714 e 751; Eléctrico 15
Comboios da linha de Cascais - Estação de Belém
Barcos da Trafaria e Porto Brandão - Estação fluvial de Belém

Contactos:
Tel: 21 362 00 34
Fax: 21 363 91 45
Email: mmjeronimos@ippar.pt

Comentário ao Mosteiro dos Jerónimos

Este é um dos monumentos mais emblemáticos do nosso país, e um dos que mais turistas atrai todos os dias. A sua grandiosidade deriva em grande parte, do enorme investimento feito pelo rei D. Manuel I neste monumento, que veio sobretudo dos negócios de especiarias.
Integra inúmeros elementos do “nosso” estilo manuelino, com elementos fantásticos e vegetalistas, muito ligados a uma simbologia régia e de glorificação do povo português. Sempre associado à epopeia dos Descobrimentos, e devido à sua localização na zona que já foi a porta marítima de Lisboa, é desde cedo interiorizado como um dos maiores símbolos da nação. Talvez por isso nomes como Fernando Pessoa, Camões e Vasco da Gama, tenham os seus túmulos neste local, concentrando-se, assim, séculos da História portuguesa num só local.
Este Mosteiro é um local imenso, onde as hipóteses de conhecimento são praticamente infinitas. Está repleto de pequenos recantos, esculturas grandes e pequenas, grandes salas, arquitectura de excelência, que só podem ser devidamente apreciados com tempo, e mesmo assim, fica-se com a sensação de que não se viu tudo o que há para ver.
Possui uma das mais importantes e belas igrejas-salão da Europa, e o seu Portal-sul é simplesmente espectacular, apresentando um vasto conjunto escultórico com Santa Maria de Belém em especial destaque.

Museu Nacional de Arqueologia (Lisboa)

Tipologia: museu

Localização: Praça do Império, Santa Maria de Belém, Lisboa

Descrição:
O actual Museu Nacional de Arqueologia (MNA) foi fundado em 1893 pelo Doutor José Leite de Vasconcelos (e daí a designação oficial mais completa, Museu Nacional de Arqueologia do Doutor Leite de Vasconcelos). Em mais de um século de existência este Museu constituiu-se na instituição de referência da Arqueologia Portuguesa, com correspondência regular com museus, universidades e centros de investigação em todo o Mundo.
O acervo do Museu reúne as colecções iniciais do Fundador e de Estácio da Veiga, às quais se somaram colecções da antiga Casa Real Portuguesa, do antigo Museu de Belas Artes, e de coleccionadores e amigos do Museu, como é o caso de Bustorff Silva, Luís Bramão e Samuel Levy, entre outros.
Para além das exposições, o Museu oferece outros serviços: edição regular de publicações (de que sobressai a revista científica “O Arqueólogo Português”, editada desde 1895 e a mais importante do seu género em Portugal), conservação e restauro de bens arqueológicos, seminários, conferências e cursos da especialidade, serviço educativo e de extensão cultural, biblioteca especializada (a mais importante em Portugal e a única que hoje continua regularmente aberta ao público no conjunto dos museus nacionais), loja e livraria, investigação científica fundamental, etc.
O museu apresenta duas exposições permanentes, “Tesouros da Arqueologia Portuguesa” e “Antiguidades Egípcias”. A primeira apresenta um número notável de objectos de joalharia antiga, desde os primórdios da metalurgia até à Alta Idade Média. A segunda é constituída por mais de 500 peças, cobrindo mais de 5000 anos de história, e representando os grandes períodos da civilização egípcia
Localizado no Mosteiro dos Jerónimos, o MNA continua hoje com a mesma vocação básica, ou seja, contar a história do povoamento do nosso território, desde as origens até à fundação da nacionalidade.

Horário:
3ª Feira a Domingo: 10,00 h às 18,00 h
Encerrado: 2as Feiras, Domingo de Páscoa, 1 de Maio, 25 de Dezembro e 1 de Janeiro

Morada:
Praça do Império. 1400 - 206 LISBOA

Transportes:
Autocarros: 14, 27, 28, 43, 49, 51, 73, 29; Eléctrico: 15
Autocarros da linha de Sintra: 113, 149
Transportes Fluviais: Estação de Belém
Comboios Linha de Cascais: estação de Belém

Contactos:
Telefone: 213620000
Fax: 213620016
Email: info@mnarqueologia-ipmuseus.pt

Preços:
- Adulto - 4.00€- Jovens entre 15 e 25 anos; Reformados - 2.00€
- "Cartão Jovem" - 1.60€
- Professores e estudantes; jovens até 14 anos; escolas (visitas previamente marcadas); Domingos e feriados das 10h às 14h; portadores de “Lisboa Card”; Membros do ICOM, APOM, ANBA; funcionários do IMC, Mecenas - gratuito

Biblioteca: 3ª a 6ª feira - 10,00h às 12,30h / 14,00h às 17,00h. Primeiro sábado de cada mês, das 11h às 17h, excepto meses de Julho, Agosto, Setembro e Outubro.
Email: biblioteca@mnarqueologia-ipmuseus.pt
Tel: 213620000
Fax: 213620016

Comentário ao Museu Nacional de Arqueologia

Este é, sem dúvida, um dos mais importantes Museus para aqueles que se interessam pela Arqueologia, não só pelo fabuloso espólio que possui, mas também pela biblioteca de grande qualidade de que dispõe. Também as exposições temporárias que disponibiliza regularmente dão sempre uma visão muito interessante e diversificada de tudo o que a arqueologia engloba actualmente.
Algo que achei bastante interessante foi um conjunto de sarcófagos, patentes na exposição das Antiguidades Egípcias, que ainda conservam as múmias no interior e são um bom exemplo daquele que foi um dos expoentes da arte egípcia.
Em relação à exposição “ Tesouros da Arqueologia Portuguesa”, é de destacar a grande variedade peças de ourivesaria e joalharia, de todos os períodos da História portuguesa.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros (Lisboa)

Tipologia: Vestígios Diversos

Localização: Rua dos Correeiros, São Nicolau, Lisboa

Período: Idade do Ferro; Romano (República); Romano (Império); Alta Idade Média; Medieval Islâmico; Medieval Cristão; Moderno; Contemporâneo

Descrição:
Entre 1991 e 1995, no decorrer de obras de remodelação do edifício do BCP, junto ao arco da Rua Augusta, uma perfuração do pavimento pôs a descoberto estruturas arqueológicas de civilizações que, ao longo dos tempos, habitaram Lisboa. Este espaço, agora designado Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros (NARC), pertence ao Millenium BCP, mas é também património da cidade e do país, e ali podemos percorrer 2500 anos da História de Lisboa, de forma gratuita.
A visita a este núcleo proporciona uma viagem pela história da ocupação da cidade, desde o séc. V a.C., com a presença fenícia, à ocupação romana (de todas a mais observável), árabe, quinhentista e pombalina. Permite-nos observar as construções sucessivas na baixa de Lisboa, consoante a época e povo. Deste modo, podemos encontrar aqui cetárias (tanques utilizados para fazer a salga do peixe ou molhos) e ânforas romanas ou observar fundações dos prédios pombalinos.
Podemos observar ainda: vários artefactos da idade do Ferro, incluindo pesos de pesca, alfinetes e pedaços de cerâmica; os primeiros mosaicos romanos encontrados em Olisipo, pertencente a uma zona de banhos; várias moedas e ânforas romanas, destinadas a conter o peixe, que eram exportadas para toda a Europa; um esqueleto quase completo, datado dos séculos V-VI, que se encontra dentro de um tanque romano; estruturas romanas reutilizadas na época islâmica; fragmentos de cerâmica islâmica e medieval; azulejos sevilhanos quinhentistas; faianças do século XVIII; e várias estruturas de esgotos, poços e fundações de edifícios pombalinos.
Uma grande parte do Núcleo é ocupado por estruturas que pertenceram a uma grande indústria de salga e conserva de peixe e de fabrico de molhos (sobretudo o garum), que terá estado activa entre os séculos I e V, com um total de 31 cetárias; nesta época, grande parte da baixa lisboeta estava submersa, e esta indústria situava-se mesmo à beira-rio.

Intervenções Arqueológicas / Trabalhos:
Foram efectuadas escavações, em 1991 e entre 1993 e 1995, ao cargo dos arqueólogos Jacinta da Conceição Marques Bugalhão e Clementino José Gonçalves Amaro.

Bibliografia:
- AMARO, Clementino José Gonçalves, BUGALHÃO, Jacinta RAMALHO, Maria M. B. de Magalhães, “Actas das 5ªs Jornadas Arqueológicas”, 1993, Lisboa, Associação dos Arqueólogos Portugueses
- BUGALHÃO, Jacinta, “A indústria romana de transformação e conserva de peixe, em Olisipo”, 2001, Lisboa, Núcleo Arqueológico da Rua dos Correiros
- BUGALHÃO, Jacinta; GOMES, Ana Sofia; SOUSA, Maria João, “Vestígios de produção oleira islâmica no Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros”, 2003, Lisboa, Arqueologia Medieval p. 129-131

Netgrafia:
http://www.ipa.min-cultura.pt/
www.lifecooler.com/
www.lxjovem.pt/
www.millenniumbcp.pt/

Horários:
Visitas por marcação prévia.
Quintas-feiras: 15:00 às 17:00 horas.
Sábados: 10:00 às 13:00 e das 15:00 às 17:00 horas.

Morada:
Rua dos Correeiros, nº 9 r/c
1100-161 Lisboa

Transportes:
Estação Metro Baixa-Chiado e Rossio
Autocarros 14, 37, 39, 40, 43, 59, 60, 100, 105; Eléctricos 15, 28

Contactos:
Tel: 213211700
Fax: 213211095

Comentário ao Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros

Esta foi uma das mais interessantes visitas que fizemos até agora. A apresentação do espaço está muito bem conseguida, e podemos ver debaixo dos nossos pés algumas das estruturas que ainda restam, e que ainda continuam por baixo da Rua dos Correeiros. Pudemos ver restos de paredes de casas, com as suas lareiras ao centro, uma das quais ainda com o seu conteúdo original. Também estão visíveis os vários tanques de salga, que nos dão uma noção da dimensão que a fábrica deve ter tido. Soubemos também que esta indústria exportava para vários países da Europa, pois nesses países foram descobertas ânforas que ainda tinham as marcas do oleiro que as fabricou.
Outro aspecto bastante interessante é o esqueleto que ali se conserva; ao fim de quase dois milénios, está completo, apesar de uma parte não estar à vista.
Assim, esta visita proporciona um olhar sobre quase todas as épocas da história de Lisboa, e sobre o modo como os nossos antepassados viviam, em pouco mais de 30 minutos.

Casa dos Bicos (Lisboa)

Tipologia: Complexo Industrial

Localização: Campo das Cebolas, Sé, Lisboa

Período: Medieval Cristão; Romano

Descrição:
Também chamada de Casa De Brás de Albuquerque (que a mandou construir), a Casa dos Bicos foi construída em 1526, e era destinada à habitação. A sua fachada está revestida de pedra aparelhada em forma de ponta de diamante, os "bicos", sendo um exemplo único de arquitectura civil residencial no contexto arquitectónico lisboeta. Os "bicos" demonstram uma clara influência renascentista italiana. Na verdade, o proprietário da Casa dos Bicos mandou-a construir após uma viagem sua a Itália, onde terá visto pela primeira vez o Palácio dos Diamantes ("dei diamanti") de Ferrara e o Palácio Bevilaequa, em Bolonha. No entanto, sendo naturalmente menor que este palácios, a distribuição irregular das janelas e das portas, todas de dimensões e formatos distintos, conferem-lhe um certo encanto, reforçado pelo traçado das janelas dos andares superiores, livremente inspiradas nos arcos trilobados da época.
Na sua planta inicial tinha duas fachadas de pedras cortadas em pirâmide e colocadas de forma desencontrada, onde sobressaltavam dois portais manuelinos, o central e o da extremidade oriental, e ainda dois andares nobres. A fachada menos importante, encontrava-se virada ao rio. Tinha quatro pisos, estando os dois inferiores inseridos no declive da colina.
Com o terramoto de 1755, tudo isto se destruiu e desapareceram os dois andares superiores. Nessa altura, a casa já não era utilizada para habitação, albergando armazéns e lojas. Em 1827, foi adquirida por Caetano Lopes da Silva, um comerciante de bacalhau. Em 1910, foi classificada como Monumento Nacional, e foi adquirida pela Câmara Municipal de Lisboa em 1963.
Em 1983 foi reconstruída para albergar o núcleo da Exposição "A dinastia de Avis e a Europa". Foram também reconstruídos os dois andares que tinham caído aquando do terramoto.
Hoje em dia funciona no monumento o Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, estando pois fechada ao público. Grande parte do espólio encontrado neste local, está hoje no Museu da Cidade.

Intervenções Arqueológicas / Trabalhos:
Foram realizadas escavações em 1991, a cargo do arqueólogo Clementino José Gonçalves Amaro, nas quais foi identificado um complexo fabril de salga e conserva de peixe constituído por quatro tanques (cetárias) e respectivas estruturas anexas, datado da época romana. Contudo, já entre 1981 -82, a Casa dos Bicos tinha sido algo de escavações, nas quais foi descoberto um vasto espólio arqueológico e algumas estruturas arquitectónicas que remontam às ocupações primordiais daquele espaço.

Bibliografia:
- AMARO, Clementino José Gonçalves, “Casa dos Bicos: sítio com dois milénios de História”, 1994, Lisboa: Lisboa 94 Capital Europeia da Cultura
- AUGUSTO, José Manuel Lopes, “Casa dos Bicos: o espelho da história de uma cidade”, Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1996
- CARITA, Hélder e outros, “Elementos para o estudo da Casa dos Bicos”, Lisboa, Pisa Babel, 1983
- MOITA, Irisalva, “A Casa dos Bicos: o sítio e o edifício”, in Revista Municipal, S. 2, N.º 18, 1986, páginas 14-23.
- VICENTE, Manuel, “Da métrica dos Bicos” in Jornal Arquitectos, N.º212, Setembro / Outubro 2003

Netgrafia:
www.guiadacidade.pt/
www.ipa.min-cultura.pt/
www.lifecooler.pt/

Horário:
Segunda a Sexta-feira, das 09:30 às 17:30

Morada:
Rua dos Bacalhoeiros 10-10F
1100-069 Lisboa

Transportes:
Autocarros 9, 28, 35, 39, 46, 59, 81, 82, 90, 104, 105, 107; Eléctricos 18, 25

Contactos:
Telefone – 218810900

Comentário à Casa dos Bicos















Este é realmente um dos edifícios mais peculiares de Lisboa. Com a sua malha de “bicos” enxaquetada, o edifício destaca-se claramente de todos os edifícios que o rodeiam; isto também acontecia na época em que foi construído: era considerado um palácio exíguo, quando comparado com os palácios vizinhos, mas a sua fachada marcou, desde sempre, a fisionomia da cidade.
A Casa dos Bicos constitui um importante núcleo arqueológico, que, infelizmente, não pode ser visitável. Neste espaço foram encontradas ânforas, cerâmicas, peças em vidro, cetárias (tanques de salga e conserva de peixe), e ainda restos da antiga Cerca Moura. Parte deste espólio pode ser visto no Museu da Cidade, mas é realmente uma pena que o restante não esteja acessível ao público.
Um aspecto que achei bastante curioso foi a configuração do passeio em frente à Casa dos Bicos, que relembra os arcos islâmicos, muito orgânicos, e que se conjuga bastante bem com a fachada do edifício.

Castelo de S. Jorge (Lisboa)

Classificação: Monumento Nacional

Tipologia: Castelo

Localização: Castelo, Lisboa

Período: Idade do Ferro; Romano; Medieval Islâmico; Medieval Cristão; Moderno; Contemporâneo

Descrição:
Primitivamente conhecido simplesmente como Castelo dos Mouros, ergue-se em posição dominante sobre a mais alta colina do centro histórico, proporcionando aos visitantes uma das mais belas vistas sobre a cidade e o estuário do rio Tejo.
Os vestígios mais antigos de ocupação do local remontam à Idade do Ferro, época em que provavelmente aí se situava um povoado fortificado. Desde então, foi adquirindo formas e vivências diversas, que os trabalhos arqueológicos efectuados desde 1996 têm vindo a pôr a descoberto. A existência de um castelo propriamente dito data dos séculos X–XI, altura em que Lisboa era uma importante cidade portuária muçulmana. Em meados do séc. XI, na sequência de várias obras de reorganização urbana do topo da colina, define-se a área que hoje ocupa, datando, também, dessa época o bairro islâmico situado a nascente. Após ser tomado por D. Afonso Henriques, o castelo tornou-se o Paço Real, naquele que foi o seu período áureo. Com os terramotos de 1531 e 1755, e o retomar da função militar, vai-se acentuando a descaracterização do Castelo e do Paço Real pelas sucessivas construções que o vão escondendo dos olhares.
O Castelo é formado por vários núcleos. A Alcáçova, que mantém o traçado que existia na época islâmica e abrange a actual freguesia de Sta. Cruz do Castelo; subsistem ainda oito torreões, cinco de secção quadrangular e três de secção semi-circular. Parte do seu traçado e pelo menos duas torres encontram-se incorporadas nas construções existentes. O Castelejo, que apresenta uma planta quadrangular, com cerca de 50m de largura, situa-se na área de mais difícil acesso do topo da colina; desde subsistem 11 torres, das quais se destacam a Torre de Menagem, a Torre de Ulisses, a Torre do Paço, as Torres Central Norte e Noroeste, a Torre da Cisterna e a Torre de São Lourenço, situada a meia encosta. Há ainda vestígios do Paço Real da Alcáçova, do qual ainda restam espaços como a Sala Ogival, a Sala das Colunas, a sala da Cisterna e outros compartimentos. Junto ao Paço Real existia a Capela de São Miguel, da qual são visíveis ainda os vestígios da abside. O Bairro Islâmico (ver imagem) foi descoberto durante as escavações arqueológicas, e ocupa a área oriental da alcáçova, no sítio conhecido por Praça Nova. Além das várias estruturas habitacionais, como compartimentos, salões, cozinhas e outros espaços, e pátios bem definidos, encontram-se, também, áreas de circulação e de saneamento. O Palácio dos Bispos, instalado sobre as antigas casas islâmicas, logo após a conquista, evidencia notavelmente essa dinâmica renovadora.

Intervenções Arqueológicas / Trabalhos:
Toda a área do Castelo tem vindo a ser alvo de inúmeras escavações ao longo dos últimos anos. Em 1996, ficaram ao encargo das arqueólogas Maria Alexandra de Medeiros Lino Gaspar e Ana Maria Marques Gomes, em 1997 de Maria Alexandra de Medeiros Lino Gaspar, Rodrigo de Araújo Martins Banha da Silva e Ana Maria Marques Gomes, e em 2001, 2002 e 2003 de Maria Alexandra de Medeiros Lino Gaspar e Ana Maria Marques Gomes. Estes trabalhos tiveram sempre como objectivo descortinar um pouco mais da vivência e estruturas que existiram no Castelo nas várias épocas em que foi utilizado.

Bibliografia:
- GASPAR, Alexandra, GOMES, Ana, Castelo de São Jorge – balanço e perspectivas dos trabalhos arqueológico”, Património- Estudos, vol. 4, Lisboa, IPPAR.
- GASPAR, Alexandra, GOMES, Ana, O Castelo de S. Jorge – da fortaleza islâmica à alcáçova cristã, Actas do Simpósio Internacional sobre Castelos, Mil Anos de Fortificações na Península Ibérica e no Magreb. 500 – 1500, Lisboa, Edições Colibri – Câmara Municipal de Palmela.
- SILVA, A. Vieira, O Castelo de São Jorge. Estudo histórico-descritivo, Lisboa, Tipografia Empresa Nacional de Publicidade, 2º edição.
- Conquista de Lisboa aos Mouros em 1147 — Carta de um cruzado Inglês; Lisboa, Livros Horizonte, 1989

Netgrafia:
pt.wikipedia.org/
www.castelosaojorge.egeac.pt/
www.ipa.min-cultura.pt/

Horário:
1 de Novembro a 28 de Fevereiro 9h00 – 18h00 1 de Março a 31 de Outubro 9h00 – 21h00

Morada: Castelo de São Jorge 1100 – 129 Lisboa

Transportes:
Autocarro 37; Eléctricos 12 e 28

Contactos:
Telefone: 218 800 620 / 2 / 3 / 5

Fax: 218 875 695

E-mail: castelodesaojorge@egeac.pt

Comentário ao Castelo de S. Jorge

Assim que nos começamos a aproximar do Castelo e das habitações que as suas muralhas protegem, começamos a aperceber-nos de uma grande diferença em relação ao resto da cidade: o silêncio. De facto, é uma zona tão calma e sossegada, que parece que entrámos num mundo novo, ou que voltámos atrás no tempo.
Para além disso, a visita ao castelo propriamente dito é uma experiência muito interessante, e um aspecto que salta à vista é a sua dimensão; já visitei vários castelos, por esse país fora, e este é, sem dúvida, um dos maiores e mais imponentes, o que provavelmente é justificado por se encontrar naquela que sempre foi uma das mais importantes cidades do território português. Outro aspecto interessante é a vista que dali se tem sobre a cidade, que é fantástica.
Tivemos muita pena de não podermos ver de perto, os vestígios que ainda restam do bairro islâmico que existem dentro das muralhas. Conseguimos ver restos de paredes, formando as divisões das casas, mas toda essa zona está fechada ao público, pois ainda está a ser alvo de estudos.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Museu da Cidade (Lisboa)



Tipologia: museu

Localização: Campo Grande, Lisboa

Descrição:
O Museu da Cidade conserva importantes colecções que mostram a evolução histórica nas suas vertentes urbanísticas, social, simbólica e económica da capital portuguesa.
Sendo um Museu de História, e tendo um carácter multidisciplinar, possui um espólio muito vasto e diversificado, que se destaca pelo seu valor documental, iconográfico e artístico. Em particular no domínio da pintura, desenho, gravura, cartografia, cerâmica, azulejaria, arqueologia, entre outras.
No piso térreo, podemos observar variados objectos que documentam a presença de civilizações antigas, destacando-se, neste conjunto, importantes colecções de artefactos do paleolítico e neolítico, resgatados em contexto arqueológico; espólio vítreo e cinerário romano; lápides e cerâmicas árabes; cabeceiras de sepultura dos sécs. XII e XIII; alguns elementos arquitectónicos do Paço de Alcáçova do Castelo de São Jorge e o brasão mais antigo da cidade de Lisboa.
O segundo piso remete-nos para a cidade de 1640 a 1910.
Os planos do Aqueduto das Águas Livres e projectos dos chafarizes cujo aparato cenográfico ultrapassa o carácter funcional, ganham especial destaque no percurso, remetendo para uma Lisboa Barroca.
Nesta sequência cronológica evidencia-se um dos conjuntos mais significativos da iconografia Olisiponense, a importante colecção europeia de gravuras sobre o Terramoto e os projectos pombalinos de reconstrução da cidade. A gravura, a pintura e os objectos do quotidiano constituem os principais elementos para ilustrar a Lisboa do séc. XIX e inícios do séc. XX.
A terminar a visita, o Fado, a incontornável pintura de José Malhoa, remete-nos para uma manifestação artística emblemática da cidade de Lisboa.
Já no jardim existem dois espaços destinados a exposições temporárias. No Pavilhão Branco apresentam-se regularmente projectos de arte contemporânea, concebidos especificamente para este espaço e que se relacionam com o local ou com a cidade. O Pavilhão Preto funciona como um espaço multiusos por onde passam habitualmente exposições de história, arte, arqueologia entre outras.

De denotar por fim que o Museu da Cidade se encontra inserido no Palácio Pimenta ou Palácio do Campo, uma construção da primeira metade do séc. XVIII.
É um edifício notável pelo equilíbrio e harmonia da fachada e pela beleza da sua decoração azulejar, parte dela joanina, datada de 1746, e outra executada já sob o reinado de D. José, ambas saídas das oficinas de Lisboa.

Horário: Terça a Domingo das 10h -13h e das 14h às18h

Morada: Campo Grande 245 1700-091 Lisboa

Transportes: Autocarros: 13,7,33,36,47,50,68,85 Metro Campo Grande (linha verde)

Contactos:
Tel: 21 751 32 00
Fax: 21 757 18 58
Email: museudacidade@cm-lisboa.pt

Preços:
2,69€ ;
Até aos 18 anos e a partir dos 60; estudantes; pessoas portadoras de deficiências; funcionários C:M:L; portadores dos cartões: APOM, ICOM, Lisboa Card, Bom Dia Lisboa - entrada gratuita

Comentário ao Museu da Cidade

O Museu da Cidade conta a história da cidade de Lisboa, e mais do que isso funciona como uma espécie de “ depósito” de imensos vestígios materiais que foram sendo encontrados um pouco por toda a Lisboa!
Do museu destaco a maqueta gigantesca representativa de Lisboa antes do Terramoto de 1755, que nos dá uma visão global da cidade , permitindo identificar tanto os edifícios mais emblemáticos, praças e ruas, como as principais linhas de desenvolvimento urbano.
Este museu faz a ponte entre o passado e o presente, presente este que podemos encontrar no meio do jardim no pavilhão Preto e no pavilhão Branco (locais que se destinam a exposições temporárias).
O jardim é sem dúvida uma referência, é lindíssimo, uma espécie de refúgio no meio da azáfama de Lisboa! Podemos ali conviver com pavões que parecem multiplicar-se dando vida ao bulício daquele lugar e às esculturas que ali permanecem silenciosas!!

Inscrições - Travessa do Almada (Lisboa)

Este conjunto de inscrições romanas foram encontradas em 1753, e foram depois colocadas na fachada do prédio que faz esquina com o Largo da Madalena; levantam a possibilidade de ali ter existido um importante templo.
Estas inscrições são alguns dos muitos exemplo de pequenos vestígios arqueológicos que existem espalhados por toda a cidade, pelos quais nós passamos todos os dias sem darmos por nada. Só se soubermos o que procurar e onde, é que temos noção de que estes pequenos vestígios de História e dos povos que viveram antes de nós, estão mesmo ao virar da esquina, à espera que nós reparemos neles.

Cetária da Loja Napoleão, Rua dos Fanqueiros (Lisboa)

Tipologia: cetária

Localização: Rua dos Fanqueiros, Madalena, Lisboa

Notas relativas à localização: Situa-se dentro de uma loja de bebidas.

Período: Romano

Descrição:
Neste local foi identificado um tanque de salga, ou cetária, durante obras para instalação de uma loja de bebidas (Loja Napoleão). Hoje em dia, a cetária faz parte da decoração do espaço. Esta cetária tem orientação Este/ Oeste, e 2,84m de comprimento máximo, com a largura obliquamente interrompida a Sul, pela implantação do alicerce de um arco de edifício pombalino, já anteriormente demolido e substituído por um pórtico de ferro.
Neste local foram encontrados vestígios de cerâmica Africana, terra sigilata e ânforas Lusitanas.

Intervenções Arqueológicas / Trabalhos:
Foram realizados trabalhos de salvamento do espólio encontrado aquando das obras de remodelação da Loja Napoleão, em 1993. Estes trabalhos estiveram a cargo do arqueólogo António Manuel Dias Diogo

Bibliografia:
- BUGALHÃO, Jacinta, "A indústria romana de transformação e conserva de peixe, em Olisipo", Núcleo arqueológico da Rua dos Correeiros, 2001, Lisboa
- DIAS DIOGO, A. M., TRINDADE, Laura, "Vestígios de uma unidade de transformação de pescado descobertos na Rua dos Fanqueiros, em Lisboa", Revista Portuguesa de Arqueologia, 2000
- SEPÚLVEDA, Eurico de, GOMES, Nuno, SILVA, Rodrigo Banha da, "Intervenção arqueológica urbana na Rua dos Douradores/Rua de S. Nicolau (Lisboa), 1: a terra sigillata", Revista Portuguesa de Arqueologia, 2003

Netgrafia:
www.ipa.min-cultura.pt/
www.napoleao.co.pt/

Horários:
10h – 19h

Morada:
Loja Napoleão
Rua dos Fanqueiros, n.º 70
1400-026 Lisboa

Transportes:
Estação Metro Rossio
Autocarro 36; Eléctrico 15 e 28

Contactos:
Tel: 218872042
E-mail: wine@napoleao.co.pt

Comentário à Cetária da Loja Napoleão

Tivemos a oportunidade de ver a cetária em questão, e constatámos que sofre de alguns problemas relacionados com humidade, que nos impedem de ver o interior da mesma. A cetária está a vista de todos, e faz realmente parte do espaço da loja e da sua decoração, com várias garrafas de vinho dispostas em volta da cetária. Existe até um exemplar raro, numa garrafa de 12 litros, exposta sobre o vidro que cobre a cetária. Os empregados da loja mostraram total disponibilidade para nos mostrar e falar sobre a cetária, e por isso gostaríamos de agradecer ao Sr. José Luís, que foi quem nos acompanhou.
Junto à cetária, existe uma inscrição: “Tanque de salga pertencente a uma fábrica de conserva de peixe utilizada até aos inícios do século V”; assim, os visitantes podem saber o que ali se encontra, mesmo que não possam ver nas melhores condições.

Igreja de Nossa Senhora da Encarnação (Lisboa)

Tipologia: Igreja

Localização: Largo do Chiado, Encarnação, Lisboa

Notas relativas à localização: Situa-se em frente à Igreja de Nossa Senhora do Loreto, com a qual formou, em tempos, as Portas de Santa Catarina.

Período: Moderno; Contemporâneo

Descrição:
Igreja mandada edificar por ordem da Condessa de Pontével, D. Elvira de Vilhena em 1698 e inaugurada 10 anos depois. Para a sua edificação, foi demolida parte da muralha fernandina (séc. XIV) e a torre situada a sul, tal como aconteceu para a Igreja do Loreto, do outro lado da rua.
A igreja foi completamente arrasada pelo terramoto de 1755 e o consequente incêndio. Viria a ser restaurada em 1784, de acordo com o plano do arquitecto Manuel de Sousa e com as orientações da arquitectura religiosa impostas pelo Marquês de Pombal no novo plano da Baixa.
O interior é composto por uma única nave, e no altar-mor existe uma magnífica escultura de Nossa Senhora da Encarnação, do escultor Machado de Castro. Na fachada neoclássica, com alguns elementos decorativos “rocaille”, podemos ver as imagens de Santa Catarina que faziam parte da antiga porta medieval.

Intervenções Arqueológicas / Trabalhos:
Foram realizados trabalhos de acompanhamento, em 2006, ao encargo da arqueóloga Marina Jacinta Ordaz Paiva Pinto.

Bibliografia:
- SILVA, Raquel Henriques da, “Arquitectura religiosa Pombalina”, Monumentos, Revista Semestral de Edifícios e Monumentos, n.º21, Lisboa, Setembro 2004, Pág. 112

Netgrafia:
revelarlx.cm-lisboa.pt/
www.guiadacidade.pt/
www.ipa.min-cultura.pt/
www.lxjovem.pt/

Horários:
08h00-12h30 / 15h00-19h00

Morada:
Largo do Chiado, 15
1200-108 Lisboa

Transportes:
Estação Metro Baixa-Chiado
Autocarros 58 e 100; Eléctrico 28

Contactos:
Tel: 213 424 623
Fax: 213424623

Comentário à Igreja de N.ª Sra da Encarnação

Esta é uma bonita Igreja, que já sofreu muito com os desastres naturais que ocorreram em Lisboa, particularmente o terramoto de 1755. A edificação actual é posterior ao sismo, pelo que a sua arquitectura já apresenta elementos neoclássicos.
Pelo que pudemos observar, é uma Igreja muito frequentada. Havia muitas pessoas a assistir à missa, na altura em que a visitámos, para além de turistas que apreciam mais o seu carácter de monumento.
Para os apreciadores de arte, a Igreja apresenta uma linguagem "roccaille" tardia, característica do estilo Rococó, com grinaldas de anjos e elementos vegetalistas, e escultura do escultor Machado de Castro, um dos maiores escultores portugueses do século XVIII.

Igreja Italiana de Nossa Senhora do Loreto (Lisboa)

Tipologia: Igreja

Localização: Largo do Chiado, Sacramento, Lisboa

Período: Moderno

Descrição:
Igreja fundada em 1518, teve de ser reconstruída duas vezes, em 1676 e 1785, devido a incêndios, o último dos quais no decorrer do terramoto de 1755. A igreja original foi da autoria de Filippo Terzi, enquanto que a última reconstrução, neoclássica, é de José Costa e Silva.
A devoção a Nossa Senhora do Loreto foi trazida para Portugal pelos mercadores Venezianos e Genoveses que se instalaram na região, daí que a Igreja seja também conhecida por Igreja dos “Italianos”.
A igreja é composta por uma nave central, com doze capelas laterais com os doze apóstolos, revestidas de mármore italiano. A fachada principal é famosa pela imagem de Nossa Senhora do Loreto e pelas armas pontifícias de Borromini (século XVII), ladeadas por dois anjos. A sacristia é revestida a azulejos da autoria do ceramista espanhol Gabriel del Barco, e nas suas paredes podem apreciar-se pinturas de António Machado Sapeiro. Possui ainda um órgão de tubos datado do séc. XVIII, cuja autoria não se encontra bem definida.

Bibliografia:
- SILVA, Raquel Henriques da, “Arquitectura religiosa Pombalina”, Monumentos, Revista Semestral de Edifícios e Monumentos, n.º21, Lisboa, Setembro 2004, Pág. 112

Netgrafia:
revelarlx.cm-lisboa.pt/
www.lxjovem.pt/
www.guiadacidade.pt/

Horários:
Segunda a Sábado: 7h00-13h00 e 15h00-20h00
Dom: 16h00-20h00

Morada:
Largo do Chiado, na esquina com a Rua da Misericórdia
1200-273 Lisboa

Transportes:
Estação de Metro Baixa-Chiado
Autocarros 58 e 100; Eléctrico 28

Contactos:
Tel: 213 423 655
Fax: 213 423 655

Comentário à Igreja de N.ª Sra do Loreto

Ficámos curiosas quando reparámos numa placa no exterior desta igreja, que dizia “Igreja dos Italianos”. Nenhuma de nós a conhecia por esse nome, apesar de passarmos muitas vezes por esta Igreja. Uma das curiosidades que nos chamou a atenção, foi o facto de haverem missas em latim, uma vez por dia, algo que já não vemos todos os dias.
Outro dos pontos de maior interesse desta Igreja é a arte que possui no seu interior. Esculturas de Borromini, capelas em mármore italiano, pinturas de António Machado Sapeiro; são vários os exemplos de arte italiana e portuguesa que decoram esta Igreja.
Também pudemos apreciar o órgão de tubos, cujo som enche completamente a Igreja e lhe dá um carácter grandioso e fantástico.

Teatro Romano de Lisboa

Tipologia: teatro

Localização: Rua de São Mamede ao Caldas /Santiago/ Lisboa

Período: romano
Descrição: (teatro)
O Teatro Romano de Lisboa, até à data o único existente em território português com comprovação arqueológica, é um dos mais significativos e importantes edifícios de Olisipo, que comportava de 3000 a 5000 espectadores.
Construído provavelmente nos inícios do Império (1ª metade do séc.I d.C.) e remodelado em 57 d. C., no tempo de Nero, este edifício estava implantado numa colina virada para o Tejo, actual vertente sul do Castelo de São Jorge.
Abandonado como espaço cénico no séc. IV d. C. e reaproveitado para uso privado, permaneceu soterrado até 1798, ano em que as ruínas foram descobertas durante a reconstrução da cidade após o terramoto de 1755.
Diversas campanhas arqueológicas efectuadas desde 1964, colocaram a descoberto as ruínas deste edifício, estando actualmente visível cerca de um terço da totalidade do monumento.
Descrição: (museu)
O museu encontra-se instalado em parte de um edifício do séc. XVII (as antigas cavalariças do Cabido da Sé de Lisboa), ao qual foi acrescentado um piso nos inícios do séc. XX, que denuncia uma estrutura característica da arquitectura industrial da época, onde funcionou uma tipografia e uma fábrica de malas.
Esta construção foi recuperada, reabilitada e adaptada para a instalação do Museu do Teatro Romano que reabriu ao público em finais de 2001.
O museu foi concebido como espaço em construção, apoiado por suportes multimédia, onde pode ser observada uma proposta de reconstituição do monumento.
Este espaço museológico compreende actualmente 3 zonas, uma área de exposição, o campo arqueológico e as ruínas do teatro.
Área de exposição:
Exibe elementos iconográficos e bibliográficos dos séc. XVIII e XIX e alguns dos principais objectos até hoje recolhidos nas intervenções arqueológicas: múltiplos elementos arquitectónicos, dos quais se destacam capitéis jónicos e coríntios, bases e fustes de coluna; escultura; epigrafia; numismática e cerâmicas romanas e tardo-romanas.

Campo arqueológico:
Abrange toda a área onde se situaria parte do postcaenium (espaço localizado por trás da frente cénica). Inclui estruturas habitacionais dos séc. XVII/XVIII que foram construída adossadas ao muro de sustentação do Teatro.
As intervenções arqueológicas têm por objectivo estudar a área envolvente do Teatro Romano e definir a forma como este monumento condicionou a evolução urbanística deste parte da cidade, ao longo dos tempos.

Ruínas do teatro:
São hoje visíveis partes das bancadas (cavea), da orquestra (orchestra), da frente de cena (proscaenium) e do pavimento subjacente ao palco (hyposcaenium). Destaca-se a utilização de matéria prima local, o calcário conquífero (biocalcarenito) indicando o aproveitameno do afloramento rochoso ali existente.
A utilização do mármore na ornamentação arquitectónica terá ocorrido em 57 d. C. indicando-nos uma remodelação decorativa do espaço cénico.

Intervenções Arqueológicas / Trabalhos:
Foram efectuadas 8 intervenções: em 1966 pela arqueóloga Irisalva da Nóbrega Moita; em 1989 e 1990 pelo arqueólogo António Manuel Dias Diogo; em 1998 pelos arqueólogos Rodrigo de Araújo Martins Banha da Silva e Lídia Maria Marques Fernandes; em 2001 e 2004 pela arqueóloga Maria Marques Fernandes; em 2004 pelas arqueólogas Anabela Ferreira Gonçalves; Nélia Cristina Martins Santos; Cristina Alexandra Sebastião Chanoca e em 2005 pela arqueóloga Maria Marques Fernandes.

Bibliografia:
- ALARCÃO, Jorge Manuel N.L.; “O teatro romano de Lisboa; Actas del Simposio El Teatro en la Hispania Romana”; 1982; Badajoz.
- ALMEIDA, Fernando de; “Notícia sobre o teatro de Nero, em Lisboa”; Lucerna; Porto. 5, p. 561-571; 1966
-AZEVEDO, Carlos; FERRÃO, Julieta; GUSMÃO, Adriano; “Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa”; Lisboa: Junta Distrital de Lisboa, vol. 1, p. 147.; 1973
- MOITA, Irisalva; “O teatro romano de Lisboa” ;In: Revista municipal, Ano 31, nº 124-125 (1970)
- RAPOSO, Jorge; Al-madan; Sítios arqueológicos visitáveis em Portugal; Almada. 2ª série: 10, p. 100-157; 2001

Netgrafia :
http://www.ipa.min-cultura.pt/
http://www.ipmuseus.pt/
http://www.museu-teatroromano.net/

Horário: Ter a Dom: 10h-13h/14h-18h Encerra aos feriados

Morada: Pátio do Aljube, 5 (junto à Rua Augusto Rosa) 1100-059 Lisboa

Transportes: Autocarro 37 Eléctrico 28

Contactos: Tel 21 882 03 20
Email: museudacidade@cm-lisboa.pt

Preços: gratuito

Comentário ao Museu do Teatro Romano

Vale a pena conhecer o Museu do Teatro Romano de Lisboa.
Está um pouco escondido, confesso que nunca tinha percebido exactamente a sua localização, mas quem sobe a rua do lado esquerdo da sé, tem umas escadinhas muito íngremes do lado esquerdo que dão acesso à porta do museu!
Ninguém dirá que aquela entrada tão modesta dá acesso, na minha opinião, a um dos museus mais interessantes da cidade de Lisboa.
O edifício está muito bem aproveitado, e estabelece uma comunicação fabulosa com o exterior, isto é, com a vista fabulosa que oferece para o Tejo! O espaço é amplo e muito iluminado, através das janelas que se rasgam nas paredes! Existe inclusive um piso só com sofás virados para as janelas, uma espécie de local de fruição do Tejo!
Há uma dimensão de descoberta continuada no museu, isto é, quando pensamos que estamos surpresos, há mais qualquer coisa que aparece e que surpreende ainda mais! De denotar o fabuloso terraço situado
no terceiro piso, que mais uma vez estabelece uma comunicação fabulosa com o Tejo, lá em baixo e do outro lado da rua as ruínas ainda em fase de escavação!

Claustro da Sé de Lisboa

Tipologia: vestígios diversos

Localização: Largo da Sé; Sé ; Lisboa

Período: Medieval Islâmico ; Medieval Cristão ; Moderno ; Contemporâneo ; Romano ;
Alta Idade Média ; Idade do Ferro

Descrição:
Construção do século XII que recebeu acrescentos nos séculos XIII e XIV, nomeadamente o claustro, a Capela de Bartolomeu Joanes e a capela-mor que substitui a primitiva. Depois do terramoto foi alvo de obras de recuperação. Sob o claustro escavações conduzidas desde 1990 puseram a descoberto uma longa diacronia de ocupação (até à época islâmica), e numerosas obras a que o espaço esteve sujeito desde época cristã até aos nossos dias em infra-estruturas como esgotos, deposição de um ossário.
A ocupação da Idade do Ferro é conhecida por numeroso espólio e por muros da época; a época romana por uma via ladeada por tabernae, uma cozinha, restos de canalizações e uma cloaca; o período visigótico por alguns restos estruturais; a época islâmica por numerosas estruturas como um grande edifício público, numerosas fossas detríticas e alguns tanques.















Intervenções Arqueológicas / Trabalhos:
1990-94 pelos arqueólogos José Luís Martins de Matos e Clementino José Gonçalves Amaro

-Identificaram-se muros romanos de grande dimensão, o lageado de uma via romana e um depósito (lixeira) da Idade do Ferro.
A sondagem junto aos contrafortes do lanço norte do claustro permitiu localizar os troços de muros atribuíveis ao séc.I d.C .Identificaram-se estruturas do período islâmico, com destaque para o que restou de uma habitação numa das áreas do claustro. Sobre o aterro tardo-romano identificou-se um pavimento provavelmente islâmico .A escavação a sul identificou um grande muro de alvenaria de pedra com um compartimento em forma de nicho.

1995 pela arqueóloga Maria Alexandra de Medeiros Lino Gaspar

- Foram identificadas várias estruturas entre as quais: muro limite a oeste do possível pátio; o pavimento e o derrube de telhado de época islâmica; fossa detrítica; extensão do aterro já identificado sobre a calçada romana e dentro de outras tabernae; identificação de uma canalização e camadas alto-imperiais.

1996 pela arqueóloga Maria Alexandra de Medeiros Lino Gaspar

- A estrutura mais antiga nesta área é à canalização parcialmente posta a descoberto na campanha de 95 e que se apresenta totalmente preservada para Oeste.
Na sequência da escavação da canalização obteve-se a Oeste um pequeno perfil no qual são visíveis as seguintes estruturas: A Sul o muro Norte da Estrutura Abobadada de época islâmica; A Norte o muro lateral leste da rua romana.
De Norte para Sul são visíveis: Fossa detrítica islâmica até à sua base; Muro tardo romano; Zona de terra e tijoleiras caídas junto ao bordo da canalização; Zona lateral da canalização em argamassa branca; Canalização; Zona lateral da canalização em argamassa; Muro 1; Muro exterior de época islâmica.

1997 pelos arqueólogos Maria Alexandra de Medeiros Lino Gaspar e Clementino José Gonçalves Amaro

- O resultado das escavações deste ano permitiu obter novos dados sobre a ocupação de época islâmica.
Marcaram-se cerca de 200kg de cerâmica correspondendo aos fragmentos da Idade do Ferro, e a cerâmica proveniente de uma das fossas detríticas. Inventariaram-se todos os fragmentos pintados, de engobe vermelho e cinzenta com forma, e todos os bordos e fundos. Procedeu-se ao restauro de grandes potes, bem como ao restauro de metais (moedas e outros) e vidros.

Em 1998 pelos arqueólogos Maria Alexandra de Medeiros Lino Gaspar e Clementino José Gonçalves Amaro

- Na zona do edifício público islâmico pôs-se a descoberto o fim do murete já identificado, e um pavimento. Todavia na mesma área localizaram-se restos de pregos e tábuas interpretados também como restos de um pavimento. Identificou-se o prolongamento de um outro muro rebocado, e detectou-se a camada de destruição do edifício. A escavação dos níveis tardo-romanos, foi condicionada por camadas de derrube superiores com abundante espólio e restos alimentares, cujas terras tiveram de ser cuidadosamente crivadas.
As camadas romanas até ao momento forneceram espólio do período tardo-romano.

Em 1999 pelos arqueólogos Maria Alexandra de Medeiros Lino Gaspar e Clementino José Gonçalves Amaro

- Idade do Ferro - Escavado pontualmente tendo sido identificadas algumas camadas; Romano - Rua, coloaca, sistemas de comunicação, tabernae e parte de uma casa, estruturas tardo-romanas que desactivam a rua e aterros da mesma época; Islâmico - áreas habitacionais na plataforma Norte e restos de pavimentos almagra; edifício público na plataforma Sul com paredes rebocadas pintadas a vermelho e branco definindo um pátio; Medieval - Alguns muros e reutilizações de estruturas islâmicas; aterro do século XIV; Moderna - níveis superiores e lixeira do século XVI.

Bibliografia:
- AMARO, Clementino José Gonçalves;” Vestígios materiais orientalizantes do Claustro da Sé de Lisboa, Os Fenícios no território português” ; Lisboa: Universidade Nova, (Estudos Orientais, 4), p. 183-192.; 1993
- ARRUDA, Ana Margarida; TEIXEIRA de Freitas, Vera ; VALLEJO sanchez, Juan I; “As cerâmicas cinzentas da Sé de Lisboa”; Revista Portuguesa de Arqueologia, Lisboa: Instituto Português de Arqueologia. 3:1, p. 25-59; 2000
- MATOS, José Luís Martins de; Al-madan; “Escavações arqueológicas nos claustros da Sé de Lisboa”; Almada. 2ª Série:3, p. 108.; 1994

Netgrafia :
http://www.ipa.min-cultura.pt/
http://www.ippar.pt/

Horário (Claustro):10.00h – 18.00h (Verão)10.00h – 17.00h (Inverno)

Morada: Sé de Lisboa (Cabido) Largo da Sé 1100-585 Lisboa

Transportes: Eléctrico 12 e 28 Autocarro 37
Contactos: telefone 218 876 628 Fax 218 866 752

Preços: Claustro - € 2.50 (1,25 € para estudantes ou + 65 anos)

Comentário ao Claustro da Sé de Lisboa

O claustro da sé de Lisboa é uma junção de camadas e camadas de história, estando ali a descoberto uma herança riquíssima do passado da cidade de Lisboa!
Um espaço fabuloso, enquadrado pelos arcos ogivais do claustro e pela vegetação que ali vai crescendo coroando assim o conjunto! Uma espécie de jardim esquecido, no meio da cidade!
Um aspecto extremamente interessante e que confere ao espaço algum dinamismo, é o restauro de peças que é feito ali mesmo à vista dos visitantes!
De denotar, no entanto, algum descuido, relativo às capelas espalhadas pelo claustro, muito danificadas pelos pombos!

Galerias Romanas da Rua da Prata (Lisboa)

Classificação: Monumento Nacional

Tipologia: Criptopórtico

Localização: Rua da Prata, S. Nicolau, Lisboa

Período: Romano

Notas relativas ao período:
Pensa-se que estas galerias datem de entre os séculos I a.C. e I d.C.

Descrição:
Este vasto conjunto de galerias foi descoberto em 1771, durante a reconstrução da cidade de Lisboa. Na altura, apenas foi preservada uma inscrição romana dedicada a Esculápio (deus romano da medicina e da cura); o edifício romano veio depois a servir de alicerce a vários prédios pombalinos.
Em 1859, foram alvo de um dos trabalhos arqueológicos pioneiros na cidade de Lisboa, que permitiu observar restos das construções romanas que se erguiam sobre as galerias. Abriram ao público com maior regularidade nos anos 80, quando foram reunidas condições restritas de acessibilidade. Só abrem uma vez por ano, pois estão constantemente inundadas, e a sua bombagem é um processo moroso e problemático.
Na sua construção foram usadas proporções rigorosas no tamanho dos arcos, como era hábito na época romana.
Estas galerias têm sido alvo de diversas interpretações desde a sua descoberta. De termas a Fórum municipal, hoje reconhecem-se como sendo um criptopórtico, erguido para suportar outras edificações de grande dimensão, criando uma plataforma artificial de suporte.
A parte visitável destas galerias é constituída por uma rede de corredores abobadados, de diferentes alturas e larguras. São ainda visíveis: pequenos compartimentos que terão servido para armazenamento; arcos em cantaria de pedra almofadada, técnica típica da época imperial romana; abóbadas, onde são visíveis as marcas das tábuas de madeira usadas na sua construção e várias aberturas circulares que serviam bocas de poço; e a “Galeria das Nascentes” ou dos “Olhos de Água”, que ostenta a fenda que divide em dois a parte visitável do monumento e de onde brota a água que inunda toda a área das galerias.
Durante o Século XIX, as águas que correm nas galerias ganharam fama de terem poderes curativos; eram muitas as pessoas que as procuravam, acreditando que os poderiam curar das suas doenças dos olhos.

Bibliografia:
- AZEVEDO, Carlos, FERRÃO, Julieta, GUSMÃO, Adriano, "Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa", 1973

Netgrafia:
http://www.albatroz-eng.com/
http://www.cm-lisboa.pt/
http://www.ipa.min-cultura.pt/

Horário:
As galerias apenas estão acessíveis uma vez por ano, geralmente no final de Setembro. Devido à grande afluência de pessoas, as filas encerram às 15h30, para garantir a entrada, que é gratuita.

Morada:
Entrada pela Rua da Conceição, junto ao n.º77, entre os carris dos eléctricos.

Transportes:
Estações de Metro Baixa-Chiado e Terreiro do Paço
Eléctrico 28

Contactos: Divisão de Museus e Palácios da C.M.L.
Cp. Grande 245 – 1700-091 Lisboa
Tel. 21 751 32 00
Fax – 21 757 18 58
E-mail: museudacidade@cm-lisboa.pt

Comentário às Galerias da Rua da Prata

Quando este texto foi escrito, as galerias estavam fechadas, pelo que não as pudemos ver ao vivo. Esperamos poder visitá-las, quando voltarem a abrir. Por agora apenas queremos sublinhar a grande afluência de público que as Galerias apresentam. Chega a haver filas que dão a volta a vários quarteirões, e pessoas que esperam cerca de 5 horas pela visita. O facto de as galerias só abrirem uma vez por ano contribui muito para que isto aconteça. É engraçado pensar que uma estrutura construída há milhares de anos ainda continua intacta, debaixo dos nossos pés, e que muitas pessoas nem sequer sabem que está ali. Acho que isso desperta a curiosidade de todas essas pessoas; o facto de estar inundada a maior parte do tempo também é muito peculiar, e faz-nos pensar que debaixo de nós está uma imponente massa de água, sobre a qual andamos todos os dias. É um pensamento estranho e fascinante ao mesmo tempo. Eu própria estou ansiosa por ver as galerias ao vivo, acho que deve ser uma experiência fantástica.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Ruínas e Museu Arqueológico do Carmo (Lisboa)

Tipologia: Igreja e museu

Localização: Largo do Carmo; Sacramento; Lisboa

Período: Idade Média

Descrição: ( Igreja)
A Igreja do Carmo integra o complexo do Convento do Carmo que pertencia à ordem das carmelitas descalças.
Este foi mandado edificar pelo condestável D. Nuno Álvares Pereira em 1389, vindo a ficar parcialmente destruído com o terramoto de 1755.
A Igreja do Carmo foi construída no estilo gótico mendicante, influenciada pelo Mosteiro da Batalha, em construção na mesma época.
A fachada da igreja tem um portal com várias arquivoltas lisas e capitéis decorados e a rosácea que encima o portal, está destruída.
O interior apresenta 3 naves e uma cabeceira com - uma capela mor e 4 absidíolos. O tecto da nave da igreja desapareceu com o terramoto e só os arcos ogivais transversais que o sustentavam são visíveis ainda hoje.
Hoje, serve simultaneamente como sede da associação dos arqueólogos portugueses e como espaço museológico (Museu arqueológico do Carmo); a restante parte do convento é ocupada pela Guarda Nacional Republicana.

Descrição: Igreja( lado sul)
Esta zona é alvo de acompanhamento arqueológico.
Foi pelo menos desde o século XIV, embora hajam referências bastante anteriores, alvo de intervenção humana, do qual restarão importantes vestígios. Ao longo dos séculos foi, parte do adro e cemitério da Igreja do Carmo; zona das Casas aforadas, pertença dos frades Carmelitas; zona de serventia ao povo de Lisboa, pelas antigas escadas da Piedade ou Escadinhas do Carmo e zona de intervenção pombalina com a construção da muralha de suporte da colina, determinada pelo novo plano de ordenamento da cidade pós-terramoto.
Pertencem ao seu espólio fragmentos arquitectónicos com um capitel gótico,várias pedras aparelhadas, elementos de arcos, tambores de colunas, fragmentos de cornijas, dois prováveis pedestais, parte de guarnição de escada; uma tampa de sepultura, uma caixa de esmolas (XVII).

Descrição: ( Museu)
Instalado nas Ruínas do Carmo, o Museu arqueológico do Carmo integra peças de valor histórico, arqueológico e artístico, numa cronologia ampla que contempla artefactos e obras desde a Pré - História à época contemporânea.

Biblioteca:
A Biblioteca encontra-se encerrada, procedendo-se neste momento à sua informatização. No entanto os sócios podem consultar o seu acervo, dirigindo-se ao Largo do Carmo n.º4 1.º Dtº.

Loja:
O Museu integra, desde Dezembro de 2002, uma Livraria/Loja, destinada à comercialização de publicações da Associação dos Arqueólogos Portugueses, bem como de publicações e merchandising específicos do Museu. Pensados para os diferentes públicos e para diferentes faixas etárias, os objectos inspiram-se em temáticas relacionadas com as colecções do Museu ou com as Ruínas do Carmo.

Intervenções Arqueológicas / Trabalhos:
Foram efectuadas 4 intervenções: ano de 1982 pelo Arqueólogo Lyster Franco; ano de 1984 pela arqueóloga Maria Cristina Teixeira Pereira Santos Gonçalves Neto; ano de 1996 pelo arqueólogo Fernando Eduardo Rodrigues Ferreira (identificação da necrópole no interior da igreja) ; ano de 2001 pelos arqueólogos Fernando Eduardo Rodrigues Ferreira e Maria da Conceição Machado Neves.( lado sul)

Bibliografia:
- AGUIAR, Sara Clifton Melo; Luís Miguel; Edifício do Convento do Carmo: o testemunho das ruínas ; Lisboa; 2002-2003.
- ARNAUD, José Manuel; Fernandes, Carla Varela; Construindo a memória : as colecções do Museu Arqueológico do Carmo; Lisboa : Associação dos Arqueólogos Portugueses, 2005; Museu Arqueológico do Carmo; Colecções de museu – Portugal ( em destaque na livraria)
- MATOS, Manuel Afonso de; A igreja do Carmo em Lisboa; Lisboa; Tese de licenciatura em Ciências Históricas e Filosóficas apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1951;
- Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado. Inventário; 1993; Lisboa: IPPAR, 3 Vols.

Netgrafia :
http://www.ipa.min-cultura.pt/
http://www.ipmuseus.pt/
http://www.ippar.pt/
http://www.monumentos.pt/

Horário:
De Segunda-feira a Sábado Das 10h00 às 18h00 (Maio a Setembro) De Segunda-feira a Sábado Das 10h00 às 17h00 (Outubro a Abril) Encerrado: Domingo, Natal, Ano Novo e 1º de Maio

Morada: Largo do Carmo 1200 – 092 Lisboa

Transportes: Autocarros: 758, 790 Eléctrico: 28 Elevador: Santa Justa Metro: Baixa - Chiado (Linha Azul)

Contactos:
Telefone : 213 460 473
Fax: 213 244 25
E-mail: carlavf@mac.pt

A decorrer:
Teatro Nacional- Outros Palcos
Vieira- O Céu na Terra

18 Jul a 16 AgoTer a Sáb: 22h

Encenação:
Miguel Real e Filomena Oliveira, autoria; Filomena Oliveira,
Interpretação:
António Banha, Bruno Schiappa, Carmen Santos, Cláudia Faria, Félix Fontoura, João Brás, João Lagarto, José Henrique Neto, Júlio Martin, Marques D' Arede, Maurício Vitoria, Flávio Tomé, João Mais, Paula Coelho e Paulo Campos dos Reis

No ano em que se assinala o quarto centenário do nascimento do Padre António Vieira, o Teatro Nacional D. Maria II homenageia o pregador religioso português mais famoso de sempre.

Informações Úteis: 213 250 827/835 (Teatro Nacional D. Maria II)Preço dos bilhetes: 10€
Espectáculo legendado em inglês e castelhanoMaiores 12 anosDuração: 1h20 (sem intervalo)

Comentário ao Museu Arqueológico do Carmo

As ruínas e o museu arqueológico do Carmo, são de passagem obrigatória aos mais interessados pela arqueologia.
Vou abster-me de mais descrições, vou simplesmente focar a sinopse que é feita da nossa herança cultural nas 5 salas do Museu e as reconstituições da fortificação de Vila Nova de S. Pedro (Azambuja) e do próprio Convento do Carmo, que achei muito interessantes e pedagógicas.
Para além disso existem as ruínas, espaço que embora parcialmente destruído (pelo terramoto de 1755), tem o seu charme, afinal de contas temos uma igreja a céu aberto.
Este mesmo espaço alberga, ocasionalmente, espectáculos o que considero bastante positivo na medida em que demonstra dinamismo e interacção com os visitantes.
A loja/ livraria é também um ponto de passagem obrigatório, achei particularmente interessante o tipo de merchandising do museu. Podemos comprar ali não só o “postalzinho do costume”, mas peças muito interessantes, vou focar por exemplo as peças de ourivesaria da linha Archeologica, inspiradas nas placas de cerâmica de Vila Nova de S. Pedro. (Calcolítico). Estas peças exploram os diversos temas e formas que decoram as faces das placas.
Por fim resta-me relembrar que o largo do Carmo é um local muito agradável, onde podemos encontrar as mais variadas faixas etárias, desde os idosos que jogam as cartas, às crianças que saltam à corda, junto à entrada do Museu, até mesmo ao jovem estudante que se desloca até à esplanada para desfrutar o sol maravilhoso de Lisboa.

Muralha Fernandina | Espaço Chiado (Lisboa)

Tipologia: Muralha

Localização: Espaço Chiado; Rua da Misericórdia; Sacramento; Lisboa

Período: Idade Média

Notas relativas ao período:
Em consequência dos assaltos, roubos e incêndios que o exército do Rei D. Henrique de Castela promoveu contra a cidade de Lisboa, inutilizando a Cerca de muralhas visigóticas e mouras que envolviam o povoado, El - Rei D. Fernando mandou, em 1373, construir uma nova cinta de muralha, a qual ficou conhecida por “Cerca Nova” e também por “Cerca Fernandina”.

Descrição:
Segundo se sabe, o traçado geral da Cerca Fernandina iniciava-se do lado ocidental do Castelo de São Jorge, descia o vale da Mouraria, para depois subir a encosta do Monte de Sant ´Ana e voltar a descer pelo vale da Avenida que atravessava então à actual Praça D. João da Câmara, subindo até ao Largo de S. Roque e daí prolongava-se até ao Tejo, passando pelo Largo do Chiado.
A muralha seria de alvenaria, tendo cerca de 0,5 metros de espessura, estima-se que atingiria um volume de 86.000 m 3. A construção desta muralha durou cerca de 2 anos, tendo sido terminada em 1375.
Com o terramoto de 1755 as muralhas ficaram destruídas, sobrando assim algumas ruínas espalhadas por algumas zonas de Lisboa, o Espaço Chiado é uma delas, sendo que neste podemos observar os restos do Torreão e de parte do troço da muralha que ligava as portas de Santa Catarina ao rio.

Intervenções Arqueológicas / Trabalhos:
Foram efectuadas 2 intervenções no ano de 2003, ambas ao encargo do arqueólogo João Carlos Castelo Branco Soares Albergaria.

Bibliografia:
SILVA, Augusto Vieira da, "A Cerca Fernandina de Lisboa", 2ª edição, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1987, 2 vols.

Netgrafia :
http://www.inlisboa.com/
http://www.ipa.min-cultura.pt/
http://www.ipmuseus.pt/

Horário: 10h - 20h

Morada:
Rua da Misericórdia nº 12 – 20 Rua Nova da Trindade nº 5 – 5G 1249 – 038 Lisboa _ Portugal

Transportes: Autocarros: 758 e 790 Metro Baixa Chiado ( linha azul)

Contactos: 213 225 569

Comentário à Muralha Fernandina

Foram inúmeras as vezes que me desloquei ao Espaço Chiado para fazer impressões de trabalhos no centro de cópias Arco- Íris. Para variar e sendo estudante e ainda por cima de Belas Artes, estas deslocações, foram sempre feitas em estado de stress! Claro está, nunca tinha sequer reparado que no meio do centro comercial estava parte da Muralha Fernandina!
Está lá de facto, bem visível e assinalada!!!
Quem entra no Espaço Chiado do lado da Rua Nova da Trindade depara-se a meio do caminho, do lado direito com o Torreão, que em tempos flanqueava a antiga Porta de Santa Catarina e do lado esquerdo com parte da muralha. Esta estende-se em altura até ao segundo andar do centro comercial.
A muralha pode ser vista através de paredes de vidro que a ladeiam, estando assim protegida e devidamente iluminada.
É de facto curiosa esta integração e apropriação da história no nosso quotidiano, ainda mais quando se trata de um centro de comercial.
Geralmente vamos ao centro comercial fazer compras, ver as montras, neste caso, eis que na montra encontramos não roupa, ou aquelas sandálias vermelhas giríssimas mas parte da história da cidade de Lisboa, neste caso a Muralha Fernandina.

Convento de São Francisco da Cidade (Lisboa)

Tipologia: convento

Localização: Largo da Academia Nacional de Belas – Artes; Mártires ; Lisboa

Período: Idade Média

Descrição:
O Convento de S. Francisco da Cidade foi fundado em 1217 pelo Frei Zacarias que obteve licença do Rei D. Afonso II, para construir o quarto convento franciscano da cidade de Lisboa ( os seus antecessores foram o de São Vicente de Fora, Santos, e Chelas).
O local escolhido para a sua implantação foi o Monte Fragoso , local então ermo e despovoado, cuja escarpa (conhecida como «Barrocal») era banhada pelo rio Tejo na antiga praia de Cataquefarás (actual Largo do Corpo Santo). Construído sobre um rochedo, o edifício original tinha a sua porta principal virada a sul, acedendo-se a ela, como ainda hoje, pela Calçada de São Francisco, a qual foi criada com sucessivos aterros.
O convento de S. Francisco foi ampliado logo em 1246 e integrado na cidade após a construção, em meados do século XIV da «Muralha Fernandina», a sua área era tão grande que o povo lhe chamava «a Cidade de São Francisco».
O convento conheceu o seu período de maior fausto durante os séculos XV e XVI, tendo sido reedificado em 1528. Além de convento e templo, serviu também como albergue e hospital, e foi na sua Livraria que se reuniram as Cortes do país em 1579, 1619, 1642, 1668 e 1679.
Em 1708 e 1741 foi alvo de dois terríveis incêndios. Por fim, quando acabava de ser reconstruído mais uma vez, foi arrasado pelo Terramoto de 1755 e o incêndio que a este se seguiu: «suas riquezas, sua igreja de três naves, sua preciosa livraria, obras de arte e raridades, desapareceu».
Começou depois a lenta construção de uma nova igreja, mas não estava ainda concluída quando foram extintas as Ordens religiosas, em 1834. As dependências do convento e as suas extensas galerias passaram então a servir como depósito geral do espólio livreiro vindo dos demais conventos do país, ali ficando instalada a Biblioteca Nacional de Portugal a partir de 1836, até ser transferida para as actuais instalações no Campo Grande em 1965.
No mesmo ano de 1836 começou a funcionar no primeiro piso do edifício a Academia de Belas-Artes, e, em 1862, também a Galeria Nacional de Pintura, que, a partir de 1911, daria origem ao Museu Nacional de Arte Contemporânea.
Em 1839 demoliu-se o edifício que fora implantado no lugar da antiga igreja. As colunas jónicas que ostentava no exterior foram integradas nas fachadas da Escola Politécnica e do Teatro Nacional D. Maria II. Mais tarde, ali seria instalada a Escola Superior de Belas Artes, que a partir de 1965 ocupou as áreas tornadas devolutas após a transferência da Biblioteca Nacional.
Hoje em dia este edifício está dividido sendo partilhado pelo Governo Civil de Lisboa, pela Polícia de Segurança Pública, pelo Museu Nacional de Arte Contemporânea, e pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, onde se encontra sedeada até ao presente momento.
Intervenções Arqueológicas / Trabalhos:
Foram efectuadas 3 intervenções a primeira em 1988 pelos arqueólogos Fernando Severino Lourenço e Filomena Rodrigues; em 1990 pelo arqueólogo Clementino José Gonçalves Amaro e por fim em 1993 pela arqueóloga Maria Moreira Baptista de Magalhães Ramalho sendo que surgiu o aparecimento de várias ossadas humanas, na zona do jardim, em local que não tinha sido alvo de anteriores pesquisas arqueológicas. Do trabalho efectuado, há a destacar a importância, dos elementos em pedra recolhidos e inventariados, bem como o registo integral da cisterna, na zona do pátio, e a qualidade dos materiais que preenchiam o seu interior, provavelmente uma das melhores colecções existentes no país, de cerâmica do século XVII.

Bibliografia:
- CALADO, Margarida; B´A - O Convento de São Francisco da Cidade; Volume 1; 2000
- DUARTE, António; Esculturas de pedra existentes em espaço do antigo Convento de S. Francisco da cidade: hipóteses de integração; 1984
http://www.gov-civil-lisboa.pt/
http://www.ipa.min-cultura.pt/
www.wikipédia.pt/

Horário: 08h -23h (Faculdade de Belas Artes)

Morada:
Largo da Academia Nacional de Belas-Artes, 1249-058 Lisboa ( Faculdade de Belas Artes)

Transportes: Eléctrico: E28 Autocarros 58, 92, 100 Metro: Baixa Chiado ( linha azul)

Contactos: ( Faculdade de Belas Artes)
Tel.: +351 213 252 100
Fax.: +351 213 470 689
Email: info@fba.ul.pt

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